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A mesa de costura da minha vó
Seu silêncio
A oração de São Franscisco
O barulho do trem
Adeus Pilão Arcado.

Histórias que eu lia
nas hidrovias de suas mãos.
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Achava que gente
era que nem bala sortida
mas Maria fazia brigadeiro triste
quase não saía, não tinha namorado
sempre nervosa.
Domingo gostava de tomar coca-cola
e passar cenoura com iogurte no cabelo.

Como tardei a entender
a angústia que dormia no quarto dos fundos.
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Eu quero um lápis apontado
Pra terminar minha pintura,
riscar além da minha cintura,
me lambuzar até o telhado.

Comer em tom pastel
Um céu de marshmallow.
Levantar o meu castelo
Que a marola derruba do papel

Encolheram a cozinha,
Cimentaram a mangueira,
 Tiraram os fiapos da brincadeira
Mudaram até o nome da vizinha.

Entardeci
Já deu a hora da escola,
das crianças, da sacola,
 e das historias que outrora ouvi.
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Tocaram fogo nas estrelas de pólvora
Estilhaços de astros caíram do céu
Gritos terrestres, uivos de medo
E uma taça se quebrou
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Vem vento voraz
Voa a tua voz veloz
Vento que vulto faz
Uivo da brisa feroz

Vem vento que varre
Tira a poeira do chão
Leva o farelo pra mão
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quero uma madrugada bem grande

pra desfiar todos os sonhos,
cabelos e insônias que eu quiser,
sorver o prazer tão impossível do silêncio,
beber um disparate de goles de café.
e quando estiver pra amanhecer
vou pôr os dedos nas frestas da janela
pra segurar a noite até onde eu puder.

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O vento levou o cheiro
o cheiro de nossos cabelos janela afora
fora de foco ficou o mundo
O vento levou o mundo
o mundo dos nossos cabelos cheiro afora
fora de foco ficamos nós
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A colher dança no prato
só devaneios regados a gengibre
temperam a sonsidão de existir.
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Imponente pedreira
onde Pedro se senta
sua chave, seu martelo
contra a boca do silêncio.
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dim-dom
dim-dom
a raspa do som do sino
pedrinhas de açúcar
o canto de Janaína
prateando os peixinhos
no fundo do mar.
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No seu ventre inquieto,
        Do seu útero ouve-se o ruído
         A querer despejar sobre nós
         As suas crias:
         Ouro, ferro, larvas,
          E o que mais teria?
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O dia mergulhou no breu da noite.
A paz esparramou-se
Vigiada pelas estrelas.