A mesa de costura da minha vó
Seu silêncio
A oração de São Franscisco
O barulho do trem
Adeus Pilão Arcado.
Histórias que eu lia
nas hidrovias de suas mãos.
Eu quero um lápis apontado
Pra terminar minha pintura,
riscar além da minha cintura,
me lambuzar até o telhado.
Comer em tom pastel
Um céu de marshmallow.
Levantar o meu castelo
Que a marola derruba do papel
Encolheram a cozinha,
Cimentaram a mangueira,
Tiraram os fiapos da brincadeira
Mudaram até o nome da vizinha.
Entardeci
Já deu a hora da escola,
das crianças, da sacola,
e das historias que outrora ouvi.
Tocaram fogo nas estrelas de pólvora
Estilhaços de astros caíram do céu
Gritos terrestres, uivos de medo
E uma taça se quebrou
A colher dança no prato
só devaneios regados a gengibre
temperam a sonsidão de existir.
No seu ventre inquieto,
Do seu útero ouve-se o ruído
A querer despejar sobre nós
As suas crias:
Ouro, ferro, larvas,
E o que mais teria?