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Lutando limpo



Depois daquela refeição gostosa, há aquela coisa chata para fazer. Vi a faca emporcalhada de manteiga, o coador cheio de borra e muito farelo de pão na mesa nua e sabia quem me esperava. Sempre me perguntei qual seria a razão de usar toalha de mesa e por que pão de sal esfarela tanto, mas isso não importa agora. Pois é, eu adoro comer, mas, sempre que acabo, fica aquela sujeira desagradável. Pior ainda é limpar a minha própria sujeira. Como eu odeio lavar prato!
Já na cozinha, de frente para aquele adversário chato de derrubar, me preparo para o combate. Dava até para ouvir o locutor nos apresentando para a platéia que me observava com atenção: “Do lado esquerdo, pesando 57 quilos e usando um pijama azul, Roque ‘El Lavador’ Borba! Do lado direito, pesando 80 quilos e usando calções de aço inox, Piah ‘Aguaceiro’ Tramontini!”.
Só de pensar nisso, me deu vontade de socar o pretendente à Lombardi antes de partir para a minha luta. Comecei o embate. Ele lutava sujo, mas eu era um lutador ensaboado. Parti para cima do adversário sem dó. A cada jab com a esponja cheia de detergente o deixava mais atordoado. Quando apliquei o gancho do desengordurante, ele foi à knock out. Venci, derrotei e me consagrei. Eu continuo mandando. Sou o dono da casa, que a sujeira insiste em tomar. E que venham a revanche e os desafiantes.


Por Mário Fausto
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